terça-feira, 19 de julho de 2011

Xe non dá certo... faça diferente!

Mein Gott... até eu me arrepiei com esse trocadilho horrível aí em cima!

Pois é... e essa polêmica sobre os faróis HID (Xenon) para automóveis?

Os faróis automotivos sofreram grande evolução ao longo do tempo.  Lanternas de carbureto em 1910, lâmpadas elétricas com refletores na década de '30.  Isso ficou sem grandes alterações até a década de '60, quando apareceram os "sealed beam" (faróis selados), aportuguesados aqui para "cilibim", que nada mais eram do que lâmpadas enormes, do tamanho do farol completo, e já com o refletor atrás.  Vantagem: uma camada de vidro a menos (e esse vidro costumava escurecer com o tempo), mais transparência, mais luz.

Depois, já nos anos '70, apareceram as lâmpadas halógenas.  A idéia é simples: na lâmpada convencional, a alta temperatura sublima (vaporiza), lentamente, o filamento de tungstênio.  Esse vapor, em contato com o vidro relativamente mais frio, vira pó e se deposita, escurecendo o vidro com o tempo.  Além disso, o filamento vai ficando mais fino, até que um dia se rompe (a lâmpada queima).

Os halogênios (especialmente o Iodo), em forma de gás devido à alta temperatura da lâmpada, combinam-se com o tungstênio, formando halido de tungstênio.  Ao passar junto ao filamento, a maior temperatura decompõe o halido, sendo o tungstênio metálico novamente depositado no filamento, e o halogênio liberado para um novo ciclo.  Resultado prático: pode-se aquecer mais o filamento, criando uma luz mais branca e maior eficiência, e o bulbo não fica escuro com o tempo.  Esse tipo de lâmpada acabou substituindo completamente as convencionais nos faróis automotivos, sendo absoluta na década de '90.

Mas aí começaram a aparecer novas tecnologias.  As lâmpadas de descarga já existem há bastante tempo - bons exemplos são as lâmpadas a vapor de mercúrio ou de sódio tão utilizadas em iluminação pública.  A novidade consistiu nas lâmpadas de descarga de alta intensidade (High Intensity Discharge, ou HID), utilizando Xenon em vez do Mercúrio ou do Sódio.  Essas lâmpadas têm uma intensidade de luz muito maior em relação ao seu tamanho, permitindo a construção de bulbos pequenos o suficiente para serem posicionados no ponto focal de um farol automotivo.

Os primeiros carros de luxo a utilizarem esses faróis foram alguns Mercedes e, logo depois, BMW.  Como não podia deixar de ser, a Mercedes criou um padrão de lâmpada (conhecido como D2R), e a BMW o alterou em alguns detalhes só para ser diferente (D2S).

Os faróis HID apresentam uma grande vantagem sobre os halógenos: a quantidade de luz emitida.  Os HID atualmente utilizados emitem cerca de 3.200 lumens, contra 1.600 de um halógeno comum, ou até 2.000 de um halógeno de última geração.  Mas essa vantagem não vem de graça: o bulbo HID é maior do que o filamento halógeno, apresentando maiores problemas para se projetar corretamente um farol que concentre e focalize a luz como desejado.  Seu sistema elétrico é bem mais complexo, sendo necessários inversores para fornecer tensões de 100V a 200V necessárias ao seu correto funcionamento.  Além disso, a lâmpada HID não emite como um corpo negro (um espectro contínuo) como a incandescente, prejudicando bastante a interpretação de cores pelo olho humano.

Esse último ponto é bastante discutível, mas muitos especialistas sustentam que o motorista, sem distinguir corretamente as cores, pode interpretar erroneamente um obstáculo, em uma emergência, sendo levado a um acidente.

Mas o pior de tudo ainda não foi dito!!!!!!

Fabricantes "picaretas" passaram a colocar no mercado lâmpadas HID "iguaizinhas" às halógenas, em forma de "kits de conversão" que permitem transformar um farol halógeno num HID!!

Iguaizinhas como, cara-pálida, se o bulbo de gás, parte fundamental da lâmpada, é diferente em forma e tamanho do filamento halógeno???  Observem aqui:

Aí o dono de um automóvel equipado com bons faróis halógenos vê um anúncio desses (ou tem um amigo que fez essa adaptação) e adapta esse kit maligno!  Resultado prático: ganha um farol com muito mais luz, mas pessimamente focalizada.  A quantidade de luz que ilumina o que interessa (a estrada, a área à sua frente) fica MENOR, a quantidade de luz espalhada que ofusca os outros motoristas fica drasticamente maior!  E o incauto sai por aí, enxergando menos, ofuscando muito mais, e feliz da vida, achando que está mais seguro.

Ou, pior ainda: sabe disso, mas quer porque quer o HID, por uma questão de "status" - EU tenho HID no meu possante, e você???  Desses não dá nem para ter pena, dá vontade de sair do carro com um martelo na mão e quebrar os seus queridos faróis Xenon!

E como estamos no Brasil... qualquer adaptação de veículos deve ser, obrigatoriamente, homologada por empresa credenciada e idônea.  Mas esse lei "não pegou", e as empresas "idôneas" muitas vezes aceitam um "por fora" para aprovar lixos como esse.  Agora saiu uma nova norma do DENATRAN, proibindo categoricamente a adaptação de HID em faróis não projetados especialmente para isso... será que vai pegar?

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